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quarta-feira, 25 de março de 2015

CHOPINZINHO - PROCURADOR FOI MORTO APÓS DENUNCIAR IRREGULARIDADES

Crime teria sido cometido a mando do prefeito de Chopinzinho, Leomar Bolzani, que era investigado pela vítima
Total prometido pelo prefeito para os autores do crime era de R$ 6,5 mil, informou o secretário, Fernando Francischini.

Curitiba – A Secretaria Estadual de Segurança Pública e Administração Penitenciária (Sesp) informou ontem que o procurador do município de Chopinzinho, no Sudoeste do Estado, Algacir Teixeira de Lima, de 51 anos, foi executado a tiros no último dia 16 porque vinha fazendo denúncias ao Ministério Público (MP) sobre crimes contra a administração pública.

As investigações apontam que o crime teria sido cometido a mando do prefeito da cidade Leomar Bolzani (PSDB), e que teria sido encomendado por ele ainda no mês de dezembro. "Temos provas materiais do envolvimento de sete pessoas. O procurador vinha agindo firme contra este grupo que atuava dentro da Prefeitura e que era chefiado pelo próprio prefeito", ressaltou o secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini.

O crime ocorreu por volta das 11h30 do dia 16, quando o procurador chegava em casa com suas duas filhas pequenas e foi atingido por diversos disparos, morrendo no local. Conforme a polícia, a residência foi invadida pelo atirador Darci Lopes Aquino, 35. Os irmãos Jeferson do Nascimento, 22, e João Rosa do Nascimento (sem idade confirmada) esperaram o executor do lado de fora e todos fugiram em seguida. A contratação do trio foi feita pelo prefeito e pelo ex-servidor da Prefeitura Geovane Baldissera por meio do casal Elvi Aparecida Haag Ferreira, 41, conhecida como "macumbeira", e Nilton Ferreira, 47 anos.

Alguns dias antes do crime, o prefeito foi comunicado que o MP havia bloqueado seus bens por causa das investigações sobre irregularidades na Prefeitura. "As investigações indicam que, na sexta-feira anterior ao crime, Leomar teria procurado esta intermediária 'macumbeira' e lhe cobrado que o serviço já havia sido pago desde dezembro e ainda não havia sido executado. Infelizmente, na segunda-feira, num ato de covardia, o procurador foi assassinado na frente de suas filhas", relatou o secretário.

O total prometido pelo crime era de R$ 6,5 mil, mas de acordo com Francischini, Aquino recebeu apenas R$ 2,5 mil antes de ser preso. A arma do crime foi encontrada em um matagal da zona rural da cidade. Os sete presos foram encaminhados para Pato Branco por questões de segurança. Conforme informações da Sesp, o crime comoveu a população de Chopinzinho, cidade de apenas 19.679 habitantes.

Francischini ainda ressaltou que as investigações em conjunto com o MP serão aprofundadas para apurar crimes de desvio de dinheiro público, de fraudes que podem ter ocorrido na Prefeitura. "É óbvio que não se mata um procurador que denuncia ao MP se ele não estivesse realmente aprofundando investigações que envolvessem crimes contra a administração."

Os sete envolvidos cumprem prisão temporária (prazo de cinco dias prorrogáveis por mais cinco). As prisões foram pedidas pelo delegado de Chopinzinho, Alexandre Meurer, que junto ao delegado Getúlio de Morais Vargas, chefe da 5ª Subdivisão Policial de Pato Branco, coordenou as investigações. A prisão temporária de Bolzani foi decretada pelo Tribunal de Justiça do Paraná (TJ-PR), já que ele possui foro privilegiado em função do cargo que ocupa. Segundo dados da Sesp, por ser prefeito, Bolzani está detido em uma cela individual.

A polícia ainda apurou que o procurador quase foi assassinado em outra oportunidade por causa de uma emboscada que não deu certo. Entretanto, destacou o secretário, nenhuma denúncia chegou a ser feita para as autoridades policiais.

Rubens Chueire Jr.
Reportagem Local-FOLHA DE LONDRINA

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