Vera Golono é a primeira prefeita que renuncia ao cargo por vontade própria no Paraná; ela alegou estresse e cansaço |
Sapopema – Duraram exatamente quatro anos, quatro meses e 27 dias, os dois mandatos da prefeita de Sapopema, a assistente social Vera Lúcia da Silva Golono (PT). Ela oficializou sua renúncia na segunda-feira, durante reunião ordinária da Câmara de Vereadores. O cargo será ocupado pelo vice-prefeito Gimerson de Jesus Subtil, também petista. A posse dele acontece hoje às 9 horas em sessão extraordinária, segundo informou a vereadora Magna de Oliveira Cândido (PSDB), presidente da câmara.
Vera é a primeira prefeita que abdica o cargo por vontade própria no Paraná. A decisão, conforme a ex-prefeita, foi tomada depois de muita reflexão. Cansada e com alto nível de estresse, Vera Golono quer desfrutar da vida com a família e cuidar mais da saúde.
A ex-prefeita recebeu a reportagem da FOLHA para uma entrevista exclusiva e admitiu que deveria ter concorrido ao cargo quando tinha menos idade e fez críticas ao sistema político partidário.
Por que decidiu renunciar a menos de cinco meses do segundo mandato?
Vera Golono – Quando a gente alcança os 65 anos, passa a ver e pensar quanto tempo mais terá qualidade de vida e que está na hora de diminuir o estresse, de se voltar para a família, cuidar melhor da saúde e ter um tempo livre maior. Como prefeita, tinha que ter dedicação exclusiva e acho que já não tenho toda esta condição.
O estresse foi mesmo a principal causa?
Não só o estresse, mas tudo que acontece na nossa vida profissional, na vida pessoal, porque hoje em dia as coisas estão cada vez mais difíceis para conduzir tudo. Eu cansei, mas tenho tranquilidade porque o vice-prefeito Gimerson tem toda a condição de continuar o trabalho. Nós trabalhamos juntos e porque não deixar que o vice administre a partir de agora?
Como a senhora avalia o mandato?
Apesar das dificuldades próprias que as prefeituras possuem e da própria situação que recebemos o município, avalio como positivo. A gente conseguiu passar por esta tribulação e provar que é possível fazer um mandato com ética e com responsabilidade em benefício do povo.
O Ministério Público, com suas recomendações, atrapalhou?
Não, de maneira nenhuma. Recentemente, conversei com a promotora do Núcleo Regional de Trabalho de Proteção do Patrimônio Público, unidade do Ministério Público em Santo Antônio da Platina, Kele Cristiani Diogo Bahena, e não houve qualquer interferência deste trabalho na minha decisão, que foi pessoal. Mesmo porque nossa prefeitura tem trabalhado conforme a lei de responsabilidade fiscal e não permitimos qualquer tipo de situação que venha prejudicar o bom andamento de nossa administração.
O que a senhora leva de bom deste período?
Primeiro tenho que agradecer a população e os companheiros que me deram esta responsabilidade de estar na administração neste período. Levo a experiência gratificante que tivemos, o aprendizado da gestão e o contato mais próximo com a população, que foi muito importante.
Como a senhora deixa a prefeitura?
Vamos deixar tudo dentro do cronograma estabelecido pela nossa equipe administrativa para que o novo prefeito não tenha nenhum tipo de dificuldade para levar adiante a administração.
Como foi o relacionamento com o legislativo?
No primeiro mandato, em função de termos minoria na Câmara, o relacionamento com os vereadores foi muito difícil. Não havia entrosamento e a política falava mais alto do que os interesses públicos. Houve muita rejeição de projetos. Só depois de dois anos é que começamos a nos entender melhor. Hoje, temos a maioria dos vereadores ao nosso lado.
Restou alguma frustração?
A única coisa que eu ainda gostaria de ver e assistir, e não sei se vou ter esta oportunidade, é uma forma diferente de fazer política. Mas isto só será possível com mudanças profundas no nosso sistema político partidário e uma série de coisas que possa levar o gestor a mostrar claramente para a população, o sentido normal do que é a política administrativa. Gostaria de ter feito muito mais pela comunidade, mas em consequência do próprio sistema alguns projetos importantes não puderam ser realizados. Deveria ter sido prefeita com menos idade, talvez aí a coisa fosse diferente.
O que pretende fazer a partir de agora?
Inicialmente, eu gostaria de agradecer a população pela confiança nas duas eleições que disputamos. Estou deixando o cargo, mas não a cidade. Não foi fácil fazer esta reflexão e tomar esta decisão que para muitos pode ter sido radical ou precipitada, mas quem me conhece sabe que eu não estou fazendo isto de maneira impensada.
Vera é a primeira prefeita que abdica o cargo por vontade própria no Paraná. A decisão, conforme a ex-prefeita, foi tomada depois de muita reflexão. Cansada e com alto nível de estresse, Vera Golono quer desfrutar da vida com a família e cuidar mais da saúde.
A ex-prefeita recebeu a reportagem da FOLHA para uma entrevista exclusiva e admitiu que deveria ter concorrido ao cargo quando tinha menos idade e fez críticas ao sistema político partidário.
Por que decidiu renunciar a menos de cinco meses do segundo mandato?
Vera Golono – Quando a gente alcança os 65 anos, passa a ver e pensar quanto tempo mais terá qualidade de vida e que está na hora de diminuir o estresse, de se voltar para a família, cuidar melhor da saúde e ter um tempo livre maior. Como prefeita, tinha que ter dedicação exclusiva e acho que já não tenho toda esta condição.
O estresse foi mesmo a principal causa?
Não só o estresse, mas tudo que acontece na nossa vida profissional, na vida pessoal, porque hoje em dia as coisas estão cada vez mais difíceis para conduzir tudo. Eu cansei, mas tenho tranquilidade porque o vice-prefeito Gimerson tem toda a condição de continuar o trabalho. Nós trabalhamos juntos e porque não deixar que o vice administre a partir de agora?
Como a senhora avalia o mandato?
Apesar das dificuldades próprias que as prefeituras possuem e da própria situação que recebemos o município, avalio como positivo. A gente conseguiu passar por esta tribulação e provar que é possível fazer um mandato com ética e com responsabilidade em benefício do povo.
O Ministério Público, com suas recomendações, atrapalhou?
Não, de maneira nenhuma. Recentemente, conversei com a promotora do Núcleo Regional de Trabalho de Proteção do Patrimônio Público, unidade do Ministério Público em Santo Antônio da Platina, Kele Cristiani Diogo Bahena, e não houve qualquer interferência deste trabalho na minha decisão, que foi pessoal. Mesmo porque nossa prefeitura tem trabalhado conforme a lei de responsabilidade fiscal e não permitimos qualquer tipo de situação que venha prejudicar o bom andamento de nossa administração.
O que a senhora leva de bom deste período?
Primeiro tenho que agradecer a população e os companheiros que me deram esta responsabilidade de estar na administração neste período. Levo a experiência gratificante que tivemos, o aprendizado da gestão e o contato mais próximo com a população, que foi muito importante.
Como a senhora deixa a prefeitura?
Vamos deixar tudo dentro do cronograma estabelecido pela nossa equipe administrativa para que o novo prefeito não tenha nenhum tipo de dificuldade para levar adiante a administração.
Como foi o relacionamento com o legislativo?
No primeiro mandato, em função de termos minoria na Câmara, o relacionamento com os vereadores foi muito difícil. Não havia entrosamento e a política falava mais alto do que os interesses públicos. Houve muita rejeição de projetos. Só depois de dois anos é que começamos a nos entender melhor. Hoje, temos a maioria dos vereadores ao nosso lado.
Restou alguma frustração?
A única coisa que eu ainda gostaria de ver e assistir, e não sei se vou ter esta oportunidade, é uma forma diferente de fazer política. Mas isto só será possível com mudanças profundas no nosso sistema político partidário e uma série de coisas que possa levar o gestor a mostrar claramente para a população, o sentido normal do que é a política administrativa. Gostaria de ter feito muito mais pela comunidade, mas em consequência do próprio sistema alguns projetos importantes não puderam ser realizados. Deveria ter sido prefeita com menos idade, talvez aí a coisa fosse diferente.
O que pretende fazer a partir de agora?
Inicialmente, eu gostaria de agradecer a população pela confiança nas duas eleições que disputamos. Estou deixando o cargo, mas não a cidade. Não foi fácil fazer esta reflexão e tomar esta decisão que para muitos pode ter sido radical ou precipitada, mas quem me conhece sabe que eu não estou fazendo isto de maneira impensada.
Marcos André de Brito
Especial para a FOLHA
Especial para a FOLHA
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