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quinta-feira, 18 de julho de 2013

Quase todo o lixo reciclável de Maringá é jogado fora, diz ONG


Erick GimenesDo G1 PR, em Maringá

Cooperativas não tem banheiros nem equipamentos de segurança para a reciclagem (Foto: Instituto Lixo & Cidadania/Divulgação)Cooperativas não tem banheiros nem equipamentos de segurança para a reciclagem (Foto: Instituto Lixo e Cidadania/Divulgação)
Apenas 3% de todo o lixo despejado em Maringá, no norte do Paraná, é reaproveitado nas cinco cooperativas da região metropolitana da cidade, de acordo com a ONG Fundação Verde (Funverde), cuja sede fica no município. Segundo a ONG, índices considerados bons giram em torno de 25% de reciclagem do lixo produzido em uma cidade.
“O ideal é que 100% do lixo fosse reciclado. No entanto, sabemos que isso é praticamente impossível. Mesmo assim, 3% é um número extremamente baixo para uma cidade com nível socioeconômico alto, com universidade e riqueza, como Maringá. É vergonhoso”, afirma a instituidora da Funverde, Ana Domingues.
Conforme a organização, cada maringaense gera 1,1 quilo de lixo – em números absolutos, a cidade geraria, em suposição, mais de 400 toneladas de resíduos, já que tem 357 mil habitantes, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Maringá é linda quando se olha para cima. Olhe para o chão para você ver. É lamentável. A prefeitura abandonou a questão do lixo na cidade. A população até separa o lixo, mas banca a trouxa, porque os caminhões de coleta passam e misturam tudo. A solução não é cara e é boa por inteira. Não há nada mal em reciclar o lixo corretamente”, diz Ana.
Segundo ela, os trabalhadores das cooperativas trabalham em condições desumanas, em lugares onde não há banheiro nem equipamento de segurança algum. Eles ganham, em média, R$ 300 por mês com o lixo reciclável.
O catador de lixo Agnaldo Germano da Silva, de 48 anos, afirma reciclar resíduos em barracões sem cobertura (quando chove, o material estraga e é rejeitado pelos compradores) e com refeitórios em condições precárias.
“Os problemas são muitos. Fica até difícil de enumerar. Não temos um espaço com as condições mínimas para trabalhar. Além disso, não existe transporte. Andamos em cima de caminhões por aí. Quando vemos a polícia, temos que nos esconder, andar no meio do mato”, conta.
Os caminhões, aliás, têm a manutenção feita pelos próprios trabalhadores da cooperativa, de acordo com Silva. Ele ressalta que os catadores tentam dialogar com a prefeitura, mas sem sucesso.
“A gente manda ofício, corre atrás da ‘papelada’, mas eles não querem diálogo com a gente. Parece que pegam os papéis, rasgam e jogam fora”, lamenta o catador. Conforme Silva, a administração municipal já sinalizou que quer acabar com os recicladores informais – sendo que todos os recicladores atuam nas cooperativas maringaenses são informais.
“Essa proposta é muito ruim para nós. Não queremos ser empregados, porque não precisamos ser. Temos nossa organização, trabalhamos de forma solidária. Eles querem contratar uma ‘firma rica’ para administrar tudo isso. Para isso, vão gastar milhões. Para nós, não dão nem uma xícara de café”, revolta-se o trabalhador.
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Prefeitura de Maringá quer profissionalizar os catadores de recicláveis (Foto: Instituto Lixo & Cidadania/Divulgação)Prefeitura de Maringá quer profissionalizar os catadores de recicláveis (Foto: Instituto Lixo e Cidadania/Divulgação)
O secretário de Meio Ambiente de Maringá, Umberto Crispim, confirma o interesse da prefeitura em contratar uma empresa para controlar a reciclagem no município e, segundo ele, profissionalizar os catadores. Crispim contesta os números divulgados pela Funverde – segundo ele, 5% do lixo em Maringá é reciclado.
“Queremos uma solução definitiva, e não algo paliativo. A intenção é abrir uma licitação para que uma empresa comande a coleta seletiva e reciclagem da cidade. Queremos criar uma central de reciclagem e profissionalizar os catadores, oferecendo lugares salubres, equipamentos de segurança e carteira assinada”, diz.
Ele critica a forma como o lixo é reaproveitado atualmente no município. “As cooperativas têm um grande problema: não têm documentação e, por isso, existem em condições lamentáveis. Não queremos trabalhadores não profissionalizados. Quem é que quer um filho trabalhando daquela forma? Eu não quero”, afirma o secretário.
Marialva 
Em Marialva, na Região Metropolitana de Maringá (RMM), a administração municipal criou uma central de reciclagem para os catadores, em 2011. Lá, entretanto, não houve licitação e quem comanda são os trabalhadores da única cooperativa municipal, a qual não foi alterada ou extinta.
“Criamos um centro de triagem e compostagem (transformação de resíduos em adubos orgânicos) e contratamos a própria cooperativa para operá-lo. Também fizemos um acordo com o Sebrae para capacitar os catadores. Não está um mar de rosas, mas já demos um grande passo”, orgulha-se o secretário de Agricultura e Meio Ambiente do município, Valdinei Cazelato.
Além disso, os três caminhões que rodam pela cidade são equipados com caçambas específicas para o lixo reciclável. Segundo Cazelato, o índice de reciclagem do lixo em Marialva é de 10
%

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