Passa bem recém-nascida abandonada em Cambé

O agricultor Roque Guizilini, que achou a menina,
acompanha equipe do IC: "Foi uma emoção muito grande"

Bebê foi encontrada ontem de manhã em um cafezal; polícia investiga o caso
Cambé – Passa bem a recém-nascida encontrada ontem de manhã em um cafezal localizado nos fundos do Jardim Ana Rosa, em Cambé, Região Metropolitana de Londrina (RML). A criança, que nasceu com 45 centímetros e 2,4 quilos, é mantida em uma incubadora do berçário da Santa Casa. Os médicos preveem alta dela para este final de semana. 

A recém-nascida foi abandonada no cafezal do pequeno sítio do agricultor Roque Guizilini. "Estava caminhando, como faço todos os dias pela manhã, quando ouvi um barulho. Pensei que fosse um gato ou cachorro e quando cheguei perto vi a bebê todo ensanguentada", contou. 

A bebê estava envolta em sangue, suja de terra e com o cordão umbilical. "Fiquei assustado, virei a cabecinha dela para não se afogar e corri para pedir ajuda", lembrou. Guizilini tem 72 anos e já é bisavô. "Foi uma emoção muito grande pegá-la, senti como se fossem meus filhos e netos. Mas ao mesmo tempo dá raiva de uma pessoa que faz isso", criticou. 

A Polícia Civil de Cambé abriu um inquérito para apurar o caso. "Houve claramente o abandono de recém-nascido e, eventualmente, tentativa de assassinato já que a bebê foi deixada sem nenhuma proteção. Percebe-se que houve a intenção e é claro que trata-se de um crime premeditado", afirmou o delegado Jorge Barbosa. 

Uma equipe do Instituto de Criminalística realizou perícia ontem no local onde a recém-nascida foi encontrada e materiais foram coletados para realização de possível confronto genético. "Estava pobre de vestígios. Não dá para precisar se o parto ocorreu aqui ou se a criança foi levada ao local. Recolhemos sangue e absorventes para realização de exame de DNA", explicou a perita criminal Larissa Richert. O laudo deve ser apresentado em 10 dias. 

No entanto, a ausência de placenta ao lado do corpo chamou a atenção. A Polícia Civil iniciou levantamento junto a unidades de saúde para saber quantas gestantes estavam prestes a dar luz a uma criança e se houve algum atendimento a mulheres com sangramento. "Esse relatório pode afunilar as investigações", afirmou Barbosa. 

Ontem, investigadores visitaram um hospital londrinense que atendia uma paciente com quadro clínico hemorrágico. Detalhes ainda não foram revelados. 

A Santa Casa vai concluir hoje os exames básicos na criança, que já ganhou um nome no berçário, Maria Vitória. "O bebê, aparentemente, não é prematuro, não apresentou alterações na frequência cardíaca ou hiperatividade. Não tem sinal algum que a mãe era usuária de drogas. Nessas 48 horas vamos realizar todos os exames de rotina e mais alguns por não termos a procedência pré-natal. A princípio é uma criança muito saudável", salientou a pediatra Vivien de Paula. 

Maria Vitória emocionou muitos cambeenses. O hospital recebeu ontem várias doações de fraldas, roupas infantis e bichos de pelúcia.
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