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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Preço do feijão segue em alta até dezembro, estima Correpar

Brasília, 20 - Os preços do feijão devem se manter em alta até dezembro, sustentados pela perspectiva de que a oferta seja suficiente para atender a 60% da demanda nos próximos três meses, com a entrada da safra paulista no mercado. A estimativa é do especialista na comercialização de feijão, Marcelo Eduardo Lüders, diretor da corretora paranaense Correpar, que prevê a continuidade da pressão dos preços do feijão sobre os índices inflacionários.

Marcelo Lüders observa que a isenção da alíquota de 10% para importação de feijão de países fora do Mercosul, no período de julho a novembro, por enquanto teve impacto limitado, devido à oferta restrita do grão no mercado internacional. Os dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que o mercado continua sendo abastecido pela China, que responde por 78% das importações, principalmente de feijão preto. O analista lembra que o feijão chinês que está chegando ao mercado brasileiro é da safra velha, pois a nova começou a ser plantada nesse mês.

Segundo a Secex, as importações de feijão somaram 219,6 mil toneladas entre janeiro e agosto deste ano, volume 20% superior ao ano importado em igual período passado, mas os gastos em dólar aumentaram 34% (para US$ 199,7 milhões), por causa do aumento de 12% no preço médio. Enquanto as importações da China cresceram 105% (para 172,9 mil toneladas), as compra do produto argentino recuaram 59% (para 35 mil toneladas). Os dois países respondem neste ano por 95% da importação brasileira de feijão.

Na opinião do analista, dificilmente o governo vai atingir a meta de importação de 400 mil toneladas, prevista pelo ministro da Agricultura, Antônio Andrade, em junho deste ano, ao anunciar a suspensão temporária da Tarifa Externa Comum (TEC). Ele observa que os Estados Unidos começam a colher feijão em outubro, e o México, que dispõe do produto para vender ao Brasil, não pode exportar porque venceu o certificado de análise de risco e pragas. "Bastava uma assinatura do governo para liberar a importação do México", diz ele.

Lüders afirmou que o feijão carioca, preferido dos brasileiros, é o grande problema para o gestor público, pois quando há excesso de produção não adianta o governo comprar para estocar, porque o produto perde valor, e também não há como exportar porque não há demanda pelo produto no mercado externo. Ele defende o incentivo ao plantio do feijão chamado "carioca americano", semelhante ao produto nacional, cujo excedente pode ser exportado.

As perspectivas para a safra de feijão das águas, plantada no quarto trimestre, é de aumento de área, mas Lüders lembra que a base de comparação é a safra passada, que foi uma das menores da história. Ele observa que os bons preços da soja devem levar os produtores a optar pela oleaginosa na safra de verão e acredita que o plantio da segunda safra, a partir de janeiro, deve surpreender. Ele diz que os produtores devem semear muita soja precoce e após a colheita devem expandir o cultivo de feijão, pois os preços atuais do milho devem desestimular o plantio do cereal de segunda safra. 

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