Corrida contra o tempo e a chuva

Início da colheita da safra 2012/13 começa com chuva em todo o Estado; umidade pode comprometer qualidade dos grãos

As chuvas, que não têm dado trégua desde o início da colheita em todo o Estado, não devem atrasar a safra 2012/13 de grãos. Até o momento, 30% de uma área plantada superior a 4 milhões de hectares de soja e 16% de um total de 844 mil hectares de milho já foram colhidas. Só de soja, carro-chefe da safra, esse número, de acordo com dados do Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), é 8% superior ao registrado no mesmo período do ano passado. Porém, especialistas esperavam um volume colhido maior, pois muitos produtores optaram por plantar mais cedo. 

Juliana Yagushi, engenheira agrônoma do Deral, afirma que houve períodos em que a colheita andou bem no Paraná. Porém, enfatiza que se não houvesse esse excesso de chuva nas últimas semanas, a safra estaria bem mais adiantada. Segundo a pesquisadora, o volume de água não deverá comprometer a produção, mas sim a qualidade dos grãos por causa dos altos índices de umidade. 

Os irmãos Carlos e Paulo Mendonça, que têm áreas plantadas em Cambé e Arapongas, começaram a colher há pouco tempo, mas já sentem os efeitos negativos do clima. O primeiro carregamento enviado à cooperativa pelos irmãos na semana passada já apresentou um índice de umidade acima do tolerável, que varia de 13% a 14%. Por causa desse problema, os agricultores já esperam uma redução no pagamento. 

Carlos e Paulo explicam que com o aparecimento do sol no início desta semana, a concentração de água nos grãos diminuíram, o que possibilitou a entrada das máquinas no campo. Em um área plantada de cerca de 480 hectares, Carlos estima que foi colhida apenas 10% . "Ainda falta muita soja para maturar. Temo que haja mais chuvas nesse período, o que me trará mais prejuízos", destaca. Apesar da preocupação com o clima, os irmãos esperam um volume de produção semelhante ao registrado na safra 2011/12, que foi de 50 sacas por hectare. 

Carlos já prevê uma consequência grave no atraso da colheita neste ciclo, que é a prorrogação do plantio do milho segunda safra. "Áreas com alto risco de geadas, como baixadas, por exemplo, já deveriam ter sido semeadas com milho, mas ainda contêm soja que não foi colhida. É um risco muito grande que estamos correndo", lamenta o produtor. Os irmãos esperam que daqui a 15 ou 20 dias toda a área já esteja colhida. 

No Estado 

Ao todo, o Paraná destinou neste ano só para a oleaginosa uma área de 4,63 milhões de hectares, 5% a mais do que se comparado ao ciclo 2011/12. Em produção, o Estado estima colher 15,26 milhões de toneladas de soja, um volume 41% superior se comparado com a safra anterior. O motivo desse alto crescimento, apontam os especialistas do Deral, se dá porque no ciclo passado houve quebra de safra motivada pela estiagem. 

Na produção de milho, a área neste ciclo de verão foi 13% menor se for baseado na safra passada. A produção deste ano é estimada em 6,92 milhões de toneladas, 5% a mais do que na safra anterior. Mais uma vez a estiagem que atingiu as lavouras paranaenses no ciclo 2011/12, tem sido apontada como o fator para o leve incremento na produção do grão.

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