Apicultura paranaense tem dificuldade para expandir área; criação de polos de produção e profissionalização do setor são alternativas
A expansão de áreas anteriormente não utilizadas para a agricultura e o desmatamento nas áreas de Mata Atlântica, no Paraná, têm prejudicado o crescimento da apicultura no Estado, segundo avalia Sebastião Gonzaga, presidente da Associação Paranaense de Apicultores (APA). Ele afirma que onde chega a soja, o milho ou o trigo, houve uma redução significativa na produção de flores, cujo néctar é essencial para a produção de mel. Contudo, a apicultura paranaense tem se concentrado em algumas localidades em que a produção agrícola não consegue chegar, como regiões montanhosas, por exemplo.
Os municípios de Prudentópolis, Arapoti e Ortigueira, localizados nos Campos Gerais, são hoje os maiores polos de produção de mel do Estado. Segundo Gonzaga, devido à falta de espaço para a expansão da atividade, a única solução para manter o crescimento desse setor é a profissionalização. De acordo com o presidente, manejo, genética e rainhas com alto potencial produtivo são algumas das saídas que podem aumentar a rentabilidade de quem trabalha com apicultura.
O Paraná possui hoje em torno de 40 mil produtores apícolas. A maioria, afirma Gonzaga, é de pequenos e médios. "A produção de mel só acontece 90 dias por ano, o que o torna um produto sazonal. Mesmo assim, criar abelha ainda é uma atividade vantajosa", sustenta o presidente da APA. Gonzaga cobra mais empenho das autoridades agropecuárias do Estado no fomento da atividade. Segundo ele, há regiões no Paraná, como a Norte, onde há colmeias em que abelhas passam restrição devido à falta de áreas verdes. Além disso, acrescenta o presidente, o setor sofre com a falta de organização.
Gonzaga acredita que, se houvesse mais incentivo à construção de casas de mel, que funcionariam como se fossem cooperativas, seria mais um reforço para os produtores se estabilizarem no mercado. O presidente completa que, quando há a união de agricultores que criam um produto com uma marca regional, além de agregar valor à produção, viabiliza-se a comercialização não só de mel, mas também de outros produtos que podem vir das colmeias, como o própolis e a cera. "O conhecimento traz a rentabilidade aos produtores", completa o presidente da APA.
Produção
O Paraná é o segundo maior produtor de mel do País, ficando somente atrás do Rio Grande do Sul. De acordo com o último dado obtido pelo Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), em 2011, o Paraná produziu 5,40 mil toneladas de mel, representando 12,5% da produção nacional. No mesmo ano, a produção brasileira fechou em 41,60 mil toneladas de mel.
Ainda segundo dados do Deral, a produção paranaense em 2011 foi a menor desde 2005. Porém, à época, o Paraná era o terceiro maior produtor, chegando a ser o segundo a partir de 2006. O presidente da APA acredita que, com o aumento da procura pela profissionalização, o Estado entrará na disputa do primeiro lugar na produção nacional de mel.
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