A condição das lavouras de trigo do Paraná apresentou uma queda expressiva em relação à semana passada, após as geadas que atingiram o principal produtor do cereal do Brasil, mas uma alta do preço da commoditie praticamente não afetará o índice oficial de inflação do país, segundo especialistas.
Antes das geadas, 79 por cento da safra de trigo do Paraná tinha boas condições, situação que despencou para 47 por cento, apontou nesta terça-feira o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão do governo estadual. A condição ruim foi registrada em 18 por cento das plantações, contra apenas 4 por cento na semana anterior.
Pouco mais de 50 por cento do trigo do Paraná estava vulnerável às geadas quando elas ocorreram, por quatro dias seguidos no Estado na semana passada, na pior onda de frio para o cereal desde 2000 --ano em que a safra estadual foi dizimada pelo fenômeno climático.
Representantes do governo e dos produtores, no entanto, ainda são cautelosos em apontar perdas para a safra, estimada pelo Deral, antes das geadas, em 2,7 milhões de toneladas, ou quase metade da produção do Brasil. No entanto, dados preliminares apontam para prejuízos expressivos.
"Está mais para uma perda 20 por cento da safra", disse o engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, ressalvando que ainda é difícil realizar uma estimativa exata.
Em entrevista à Reuters na semana passada, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Marcelo Vosnika, estimou preliminarmente uma redução potencial na safra de cerca de 10 por cento.
O Deral só divulgará uma estimativa de perdas em meados de agosto. "Agora, todo mundo diz que perdeu tudo", disse o coordenador da Divisão de Estatística do Deral, Carlos Hugo Godinho, explicando que o governo vai esperar alguns dias para levantar as perdas, até para que o desespero que tomou conta de alguns produtores não contamine os números.
"No momento ainda é difícil mensurar a perda", acrescentou Mafioletti, afirmando, no entanto, que as perdas no trigo devem ser a maiores desde 2000, quando o Paraná sofreu grande prejuízo.
Após as geadas naquele ano o Estado colheu menos de 600 mil toneladas. As geadas da semana passada também afetaram consideravelmente a safra de café do Estado, assim como hortaliças e o milho, esta última cultura em menor escala.
PREÇOS FIRMES
Os preços do trigo, que já estavam em patamares nominais recordes no mercado interno em função de uma escassez no Mercosul após quebras de safra em 2012 no Brasil e nos países vizinhos, continuaram firmes após as geadas, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em análise nesta terça-feira.
Os preços devem continuar sustentados por mais tempo, na avaliação da Abitrigo, que esperava que houvesse um arrefecimento com a entrada de safra, em setembro.
A avaliação é compartilhada por analistas, que não veem, no entanto, grandes preocupações inflacionárias. "Em relação à toda a parte de panificados, os preços devem se mostrar resistentes. Mas não devem subir mais, porque Estados Unidos e Canadá estão entrando com safra boa, não deve haver uma explosão de preço", avaliou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro.
Ainda assim, a expectativa de preços sustentados no setor do trigo não foi suficiente para levar a alterações nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Somados, os itens panificados e derivados de trigo representam apenas 2,35 por cento do IPCA, de acordo com o economista da LCA Fabio Romão. "A geada fez com que eu revisasse a expectativa para Alimentação e bebidas para uma alta de 12 por cento neste ano. Mas não foi o suficiente para mudar a expectativa para o IPCA, em parte porque já esperava que os panificados iriam incomodar, porque o trigo vinha em alta", disse ele, estimando o IPCA neste ano em 5,64 por cento.
Para Alessandra, da Tendências, os preços menores de outros produtos alimentícios podem compensar o impacto da geada. Assim, ela não alterou a expectativa de alta de 9,7 por cento de Alimentação e bebidas neste ano, com o IPCA fechando a 5,7 por cento. "A geada evitou o cenário um pouco melhor", disse.
Fonte: Reuters
http://www.integrada.coop.br
Antes das geadas, 79 por cento da safra de trigo do Paraná tinha boas condições, situação que despencou para 47 por cento, apontou nesta terça-feira o Departamento de Economia Rural (Deral), órgão do governo estadual. A condição ruim foi registrada em 18 por cento das plantações, contra apenas 4 por cento na semana anterior.
Pouco mais de 50 por cento do trigo do Paraná estava vulnerável às geadas quando elas ocorreram, por quatro dias seguidos no Estado na semana passada, na pior onda de frio para o cereal desde 2000 --ano em que a safra estadual foi dizimada pelo fenômeno climático.
Representantes do governo e dos produtores, no entanto, ainda são cautelosos em apontar perdas para a safra, estimada pelo Deral, antes das geadas, em 2,7 milhões de toneladas, ou quase metade da produção do Brasil. No entanto, dados preliminares apontam para prejuízos expressivos.
"Está mais para uma perda 20 por cento da safra", disse o engenheiro agrônomo da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Robson Mafioletti, ressalvando que ainda é difícil realizar uma estimativa exata.
Em entrevista à Reuters na semana passada, o presidente da Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo), Marcelo Vosnika, estimou preliminarmente uma redução potencial na safra de cerca de 10 por cento.
O Deral só divulgará uma estimativa de perdas em meados de agosto. "Agora, todo mundo diz que perdeu tudo", disse o coordenador da Divisão de Estatística do Deral, Carlos Hugo Godinho, explicando que o governo vai esperar alguns dias para levantar as perdas, até para que o desespero que tomou conta de alguns produtores não contamine os números.
"No momento ainda é difícil mensurar a perda", acrescentou Mafioletti, afirmando, no entanto, que as perdas no trigo devem ser a maiores desde 2000, quando o Paraná sofreu grande prejuízo.
Após as geadas naquele ano o Estado colheu menos de 600 mil toneladas. As geadas da semana passada também afetaram consideravelmente a safra de café do Estado, assim como hortaliças e o milho, esta última cultura em menor escala.
PREÇOS FIRMES
Os preços do trigo, que já estavam em patamares nominais recordes no mercado interno em função de uma escassez no Mercosul após quebras de safra em 2012 no Brasil e nos países vizinhos, continuaram firmes após as geadas, apontou o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) em análise nesta terça-feira.
Os preços devem continuar sustentados por mais tempo, na avaliação da Abitrigo, que esperava que houvesse um arrefecimento com a entrada de safra, em setembro.
A avaliação é compartilhada por analistas, que não veem, no entanto, grandes preocupações inflacionárias. "Em relação à toda a parte de panificados, os preços devem se mostrar resistentes. Mas não devem subir mais, porque Estados Unidos e Canadá estão entrando com safra boa, não deve haver uma explosão de preço", avaliou a economista da Tendências Alessandra Ribeiro.
Ainda assim, a expectativa de preços sustentados no setor do trigo não foi suficiente para levar a alterações nas projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Somados, os itens panificados e derivados de trigo representam apenas 2,35 por cento do IPCA, de acordo com o economista da LCA Fabio Romão. "A geada fez com que eu revisasse a expectativa para Alimentação e bebidas para uma alta de 12 por cento neste ano. Mas não foi o suficiente para mudar a expectativa para o IPCA, em parte porque já esperava que os panificados iriam incomodar, porque o trigo vinha em alta", disse ele, estimando o IPCA neste ano em 5,64 por cento.
Para Alessandra, da Tendências, os preços menores de outros produtos alimentícios podem compensar o impacto da geada. Assim, ela não alterou a expectativa de alta de 9,7 por cento de Alimentação e bebidas neste ano, com o IPCA fechando a 5,7 por cento. "A geada evitou o cenário um pouco melhor", disse.
Fonte: Reuters
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