Em alta há 12 anos no mercado internacional, o ouro encerrou 2012 novamente com brilho de melhor opção de investimento no Brasil. Avançou perto de 6% em dólar e 15,5% em real, devido à alta da moeda norte-americana no mercado brasileiro. No entanto, ficou bem atrás da soja, commodity agrícola que ainda não aparece entre as principais opções de investimento e que se valorizou mais de 60%, ou seja, quatro vezes mais que o ouro.
Para quem lida com papéis, a soja é uma alternativa de investimento indireto. Aposta-se na oleaginosa investindo-se em empresas ligadas à produção ou à comercialização do grão. Porém, não há fundos específicos que reflitam a valorização da commodity. Essa valorização foi bastante previsível no último semestre, o suficiente para despertar a ambição do investidor comum, que teve de se contentar com outras alternativas.
A lavada que a soja deu no ouro está relacionada ao câmbio. A valorização do grão foi de 16% no mercado internacional no último ano — de US$ 12 para US$ 14 por bushel de 27,2 quilos, o equivalente a uma variação de R$ 53 para R$ 62 por saca de 60 quilos. No mercado interno, a saca da oleaginosa disponível vale R$ 66 no Paraná, cotação 64,5% maior que a média de R$ 40/sc registrada em dezembro de 2011, conforme o histórico de preços registrado pelo Departamento de Economia Rural (Deral) do estado. Parte disso é reflexo da alta de 9% no dólar.
A escalada das cotações globais da soja deve-se à quebra na safra norte-americana, que enfrentou a maior seca em cinco décadas em 2012 e perdeu 109 milhões de toneladas em soja e milho (24% do volume esperado). O mercado internacional estava com estoques baixos devido à quebra do verão anterior registrada na Argentina, no Paraguai e no Sul do Brasil. O milho subiu menos que a oleaginosa no Brasil — 30% no ano — porque teve safra recorde no inverno. A cotação da soja, na Bolsa de Chicago, surfou o recorde de US$ 17 por bushel em julho, agosto e setembro.
Tanto o preço do ouro quanto o da soja no Brasil seguem as cotações internacionais associadas à variação cambial, frisa Edson Magalhães, gerente de Operações da Reserva Metais. Fundos que refletissem esses dois fatores (cotação da commodity+dólar) despertariam amplo interesse na conjuntura atual, avalia. Porém, uma inversão na política cambial, com a valorização do real, faria com que a soja passasse de ótima para péssima opção de investimento rapidamente, pondera.
Com 15,5% de valorização neste ano, o ouro serviu de porto seguro para os investidores que enxergaram alto risco no dólar, diante da crise norte-americana. “[O metal] chegou a ter alta de 24% no ano, mas caiu em outubro e dezembro. Mesmo com essas oscilações, teve um ano muito bom”, avalia a economista Nastássia Romanó Leite de Castro, da corretora Omar Camargo.
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