Com caminhos que levam ao Vale do Tibagi, comunidade acredita no potencial turístico do patrimônio
Pode-se chegar no cume, de onde a vista é esplêndida em todas as direções
Rio transpõe a Serra dos Agudos e passa do segundo para o terceiro planalto; altitudes na região variam de 800 a 1.224 metros
Airton dos Santos, a esposa Maria Luísa e a filha Indianara têm o privilégio de ter vistas para o rio e a serra
Montanhas e rio Tibagi compõem o panorama da região que impressionou o inglês Thomas Bigg-Wither em 1874
Sapopema - Na Rodovia do Cerne (PR-090), entre Sapopema e São Jerônimo da Serra, a placa indica Lambari, patrimônio (ou "bairro") encravado entre montanhas, a 12 quilômetros por estrada de chão. Mas, em se chegando lá, o espetáculo ainda não terminou. Adiante do patrimônio, o pico mais alto e o rio Tibagi compõem o cenário que impressionou o engenheiro inglês Thomas Bigg-Wither em 1874.
Já em 1936, padre Carlos Probst tinha uma tradução para Lambari: "um idílio natural e religioso", de onde saíra para as alturas. "No cimo dos montes surpreendeu-nos uma vista tão majestosa que descansamos um pouco para abranger-lhe os limites no horizonte onde o mar verde-escuro das matas se perdia", encantou-se Probst.
Dizia-se Alambari, que Bigg-Wither mencionou também na conferência que proferiu na Royal Geographical Society, em Londres, em 1876. Um século e meio depois, a intervenção irracional do homem é flagrante, mas ainda há pontos protegidos pela geografia mais acidentada; as altitudes na região variam de 800 a 1.224 metros. E assim, ainda resta muito daquele "idílio", que a comunidade de Lambari agora deseja converter numa referência turística.
Segundo o comerciante Clodomil Correia dos Santos, Nenê, há também o interesse de proprietários rurais e já se conversa com o prefeito de Sapopema, Gimerson Subtil. Do comércio em Lambari, três estabelecimentos, entre os quais o de Nenê, estão com a família Correia dos Santos que, em conjunto, fazem o calendário anual ("folhinha"), ilustrado com fotografias do panorama.
Variadas altitudes
O "pico agudo" e o rio Tibagi situam-se entre 20 e 30 quilômetros de Lambari por estradas em variadas altitudes e trechos no interior de fazendas, sendo indispensável a participação dos proprietários para que se tenha acessos melhorados.
Há uma bifurcação na divisa das Fazendas Inhô-Ó e Belagrícola, através das quais se chega ao pico e ao rio. Na banda esquerda, a Belagrícola arrumou a estrada recentemente. O visitante precisa pedir licença para ter as porteiras abertas, mas isso é facilitado porque o administrador, Airton dos Santos (o Vete), é um "lambariense" de terceira geração e acha justo compartilhar a beleza.
Com a esposa, Maria Luísa, ele mora lá, numa casa avarandada com vistas para o rio e a serra. A filha do casal, Indianara, estudante de Direito em Curitiba, estava de férias na residência dos pais.
A comunidade tem observado o aumento de visitantes e, pela internet, recebe consultas de interessados na história do desbravamento regional. Nenê menciona um seu correspondente no Rio Grande do Sul, que há tempos pede informações e programa a vinda. Moradores contam que aparecem visitantes atraídos pela lenda de que, numa face do pico, há um tesouro na "toca do padre". Mas ninguém ainda entrou nela.
De perto, percebe-se que o pico tem o cume achatado, o que os geólogos classificam de meseta. Pode-se chegar no alto, de onde o panorama em todas as direções é esplêndido. Falta certificar a sua altitude e situação nos contextos descritos por Bigg-Wither (1845-1890) e Reinhard Maack (1892-1969).
"A pequena distância da povoação de Alambari, chega-se à base da Serra de Apucarana e dos Agudos. E mais ou menos na metade do caminho de Alambari para São Jerônimo, a estrada atravessa a serra numa elevação de 3.400 pés [1.036 metros] acima do nível do mar e logo vai dar num descampado ou campo que ali se mostra deserto e nu no meio da luxuriante floresta em torno", expôs Bigg-Wither perante a Royal Geographical Society, em 12 de junho de 1876. "Havia dois desses descampados, um chamado Campo de São Jerônimo e o outro Campo de Inhô-Ó, nome de um cacique coroado". O de Inhô-Ó mais perto do rio.
Os municípios de Sapopema e São Jerônimo têm uma das divisas na Fazenda Inhô-Ó, outrora uma extensão de 15 mil alqueires abrangendo até o distrito de Terra Nova atualmente. Transpondo a Serra dos Agudos por um vale a 700 metros de profundidade no percurso de 14 quilômetros, o rio Tibagi passa do segundo planalto e a atinge "escarpa íngreme" do terceiro planalto, segundo Maack.
Já em 1936, padre Carlos Probst tinha uma tradução para Lambari: "um idílio natural e religioso", de onde saíra para as alturas. "No cimo dos montes surpreendeu-nos uma vista tão majestosa que descansamos um pouco para abranger-lhe os limites no horizonte onde o mar verde-escuro das matas se perdia", encantou-se Probst.
Dizia-se Alambari, que Bigg-Wither mencionou também na conferência que proferiu na Royal Geographical Society, em Londres, em 1876. Um século e meio depois, a intervenção irracional do homem é flagrante, mas ainda há pontos protegidos pela geografia mais acidentada; as altitudes na região variam de 800 a 1.224 metros. E assim, ainda resta muito daquele "idílio", que a comunidade de Lambari agora deseja converter numa referência turística.
Segundo o comerciante Clodomil Correia dos Santos, Nenê, há também o interesse de proprietários rurais e já se conversa com o prefeito de Sapopema, Gimerson Subtil. Do comércio em Lambari, três estabelecimentos, entre os quais o de Nenê, estão com a família Correia dos Santos que, em conjunto, fazem o calendário anual ("folhinha"), ilustrado com fotografias do panorama.
Variadas altitudes
O "pico agudo" e o rio Tibagi situam-se entre 20 e 30 quilômetros de Lambari por estradas em variadas altitudes e trechos no interior de fazendas, sendo indispensável a participação dos proprietários para que se tenha acessos melhorados.
Há uma bifurcação na divisa das Fazendas Inhô-Ó e Belagrícola, através das quais se chega ao pico e ao rio. Na banda esquerda, a Belagrícola arrumou a estrada recentemente. O visitante precisa pedir licença para ter as porteiras abertas, mas isso é facilitado porque o administrador, Airton dos Santos (o Vete), é um "lambariense" de terceira geração e acha justo compartilhar a beleza.
Com a esposa, Maria Luísa, ele mora lá, numa casa avarandada com vistas para o rio e a serra. A filha do casal, Indianara, estudante de Direito em Curitiba, estava de férias na residência dos pais.
A comunidade tem observado o aumento de visitantes e, pela internet, recebe consultas de interessados na história do desbravamento regional. Nenê menciona um seu correspondente no Rio Grande do Sul, que há tempos pede informações e programa a vinda. Moradores contam que aparecem visitantes atraídos pela lenda de que, numa face do pico, há um tesouro na "toca do padre". Mas ninguém ainda entrou nela.
De perto, percebe-se que o pico tem o cume achatado, o que os geólogos classificam de meseta. Pode-se chegar no alto, de onde o panorama em todas as direções é esplêndido. Falta certificar a sua altitude e situação nos contextos descritos por Bigg-Wither (1845-1890) e Reinhard Maack (1892-1969).
"A pequena distância da povoação de Alambari, chega-se à base da Serra de Apucarana e dos Agudos. E mais ou menos na metade do caminho de Alambari para São Jerônimo, a estrada atravessa a serra numa elevação de 3.400 pés [1.036 metros] acima do nível do mar e logo vai dar num descampado ou campo que ali se mostra deserto e nu no meio da luxuriante floresta em torno", expôs Bigg-Wither perante a Royal Geographical Society, em 12 de junho de 1876. "Havia dois desses descampados, um chamado Campo de São Jerônimo e o outro Campo de Inhô-Ó, nome de um cacique coroado". O de Inhô-Ó mais perto do rio.
Os municípios de Sapopema e São Jerônimo têm uma das divisas na Fazenda Inhô-Ó, outrora uma extensão de 15 mil alqueires abrangendo até o distrito de Terra Nova atualmente. Transpondo a Serra dos Agudos por um vale a 700 metros de profundidade no percurso de 14 quilômetros, o rio Tibagi passa do segundo planalto e a atinge "escarpa íngreme" do terceiro planalto, segundo Maack.
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