Familiares e amigos de pacientes com leucemia de Londrina e região realizam hoje a coleta de assinaturas no campus da Universidade Estadual de Londrina (UEL). O objetivo é enviar o abaixo-assinado em apoio ao inquérito civil público instaurado pela Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão de Goiás, em janeiro deste ano, para apurar a suspensão de comercialização de um principais remédios utilizados no tratamento de leucemia linfóide aguda no Brasil, o "Elspar" (asparaginase). O único laboratório que comercializa o medicamento no país anunciou que suspenderá a distribuição do medicamento a partir do segundo semestre deste ano em virtude do baixo preço. A droga já está em falta em vários hospitais brasileiros.
Com isso, o Ministério Público Federal (MPF) pretende esclarecer a interrupção abruta da comercialização e pedir providências para inibir o risco de desabastecimento do remédio. Outro esclarecimento que o MPF busca é sobre a inexistência de medicamentos que eficazmente substituam o tratamento com asparaginase no mercado brasileiro.
"O abaixo-assinado vem justamente com o objetivo de mostrar às autoridades que nós, cidadãos, estamos atentos à inércia deles quanto ao desabastecimento do asparaginase nos hospitais brasileiros e pressionar o Ministério da Saúde para que intervenha junto ao governo federal para reverter este quadro, já que no país não há medicamento similar substitutivo ao asparaginase", afirma o funcionário público Marinaldo Furlanetto, morador de Bandeirantes (Norte Pioneiro).
O filho de Furlanetto, de três anos, foi diagnosticado com leucemia, em outubro do ano passado. "Ele está na fase de manutenção e o uso deste remédio tem uma taxa de cura de 80%. Se meu filho não puder usar, o tratamento corre o risco de voltar à estaca zero. A doença pode retornar forte", explica. "Desde 2011 o Ministério da Saúde já estava ciente do problema", acrescentou.
O grupo responsável pelo abaixo-assinado quer colher cinco mil assinaturas, que serão enviadas ao procurar Ailton Benedito de Souza no dia 17 deste mês. Até agora os familiares e amigos dos pacientes obtiveram três mil assinaturas. A ação no campus universitário será junto aos estudantes de Direito.
"Queremos que o governo federal tome alguma providência para prorrogar a fabricação até que se consiga um outro laboratório que fabrique um medicamento que substitua a asparaginase e também que altere a legislação para possibilitar a importação de medicamentos similares", acrescentou a confeiteira Cícera Leandra Catarina, moradora do Parque Residencial Elizabeth (zona norte de Londrina). Ela é mãe de Miguel, de dois anos, diagnosticado com leucemia em junho do ano passado.
"Agora, ele está bem e por enquanto não está precisando do medicamento. Mas, se houver uma recaída, o que nós iremos fazer?", questiona, emocionada, a mãe do garoto. "Eu não gosto nem de pensar em como ficará a situação do meu filho e das outras crianças depois de agosto. Se nós não conseguirmos o medicamento, eu vou sentir como se meu filho estivesse como uma arma engatilhada na cabeça."
O Hospital do Câncer de Londrina (HCL) tem hoje apenas 150 ampolas do medicamento, adquirido em março deste ano. Segundo informações passadas por funcionários do hospital, o medicamento será suficiente para atender a demanda por no máximo cinco meses.
Além do abaixo-assinado, os familiares e amigos estão divulgando uma petição online, que pode ser encontrada no site da Organização Avaaz (www.avaaz.org), com o mesmo objetivo.
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